Os quatro tipos de equilíbrio mental pela lente da ciência contemplativa

por Cerys Tramontini

O trabalho com as emoções pela perspectiva da ciência contemplativa concentra-se no domínio de quatro tipos de equilíbrio mental: conativo, atencional, cognitivo e emocional. Cada um desses domínios pode evoluir para um estado de desequilíbrio de três formas principais. O domínio pode se tornar hiperativo, deficiente ou disfuncional. Ao trazer esses domínios para um equilíbrio homeostático, ocorre uma transformação profunda nas experiências vividas pelo indivíduo e em seus relacionamentos (Wallace, 2012).

Equilíbrio conativo

Alinha nossas intenções perante cada situação, no cultivo da virtude e ética para um genuíno bem-estar. O equilíbrio conativo é a base do equilíbrio emocional.

Equilíbrio atencional

Melhora nossa capacidade de direcionar e manter nossa atenção naquilo que escolhemos, seja uma pessoa ou algum objeto, pois o melhor presente que posso oferecer ao outro é minha atenção. Aqui treina-se a atenção com qualidade, de forma relaxada. O equilíbrio atencional é a chave do equilíbrio emocional.

Equilíbrio cognitivo

Nos despimos de ideias e visões de mundo que nos impedem de enxergar as experiências com mais clareza. Aqui treina-se a percepção da realidade como ela é, ou seja, mudanças, transformações fazem parte de nossa experiência constante. Olha-se de frente a natureza da vida que é impermanente. Treinando a atenção plena ao corpo, sentimentos, mente e fenômenos.

Equilíbrio emocional

É o resultado do treinamento dos equilíbrios conativo, atencional e cognitivo. Equilíbrio emocional é quando se tem consciência de todo o processo emocional. Com isso, tornamo-nos mais hábeis para reconhecer, nomear e transformar nossas experiências emocionais não mais transferindo ao outro a responsabilidade sobre nossos sentimentos e sensações.

Por meio de investigação profunda, agentes de paz treinam as qualidades da atenção e consciência plena tão necessárias ao trabalho de paz em qualquer situação em que se encontrem. Graças às práticas contemplativas, agentes de paz têm a oportunidade de ir além do movimento das emoções e identidades para chegar a experiências não pessoais, transpondo as fronteiras do eu e meu. 

Em nosso programa, tanto as emoções quanto os conflitos são vistos como oportunidades de aprendizado. As emoções são a matéria-prima de investigação. Com o treinamento, agentes de paz se familiarizam com o funcionamento emocional, treinam e desenvolvem habilidades para responder de forma atenta às demandas do mundo, em vez de reagir de forma automática ou responsiva, podendo beneficiar muito mais as partes envolvidas em um sistema conflituoso, pois a tendência é obter mais atenção e equilíbrio com sua presença. Alguém que, antes de cada ação, reflete sobre sua real motivação e desenvolve a atenção, a escuta compassiva e a presença tornam-se naturalmente agentes de paz onde quer que estejam ou atuem. Muitas pesquisas apontam que crescemos cronologicamente, porém esse movimento não é acompanhado do crescimento emocional (Palmo, 2014). Por isso que o treinamento mental e emocional é importante para a transformação do conflito.

Convidamos você a assistir a Live sobre a importância do Equilíbrio Emocional para o Agente de Paz, já disponível em nosso canal.